Vivemos hoje na terapia familiar a uma multiplicidade de abordagens, tantas quantos
forem os terapeutas em questão. Contudo, a ausência de um purismo de abordagens não significa
uma anarquia epistemológica se considerarmos os marcos referenciais da pós-modernidade como
seus denominadores comuns. Uma coerência epistemológica une as práticas pós-modernas de
terapia em torno de alguns pressupostos teóricos comuns que organizam a ação dos terapeutas:
• A consciência de que o terapeuta co-constrói no sistema terapêutico, em ação conjunta
com a família, a definição do problema e das possibilidades de mudança;
• A crença de que toda mudança só pode se dar a partir da própria pessoa e da sua
organização sistêmica autopoiética, sendo responsabilidade e especialidade do terapeuta a
organização da conversação terapêutica;
• A mobilização dos recursos da família, da comunidade, das redes de pertencimento,
legitimando o saber local de pessoas e contextos;
• Uma concepção não essencialista de self, compreendido como construído no contexto das
relações e práticas discursivas;
• A visão da pessoa como autora de sua história e existência, competente para a ação, para
o agenciamento de escolhas a partir de um posicionamento auto-reflexivo, moral e ético,
podendo criar e expandir suas possibilidades existenciais;
• A ênfase sobre os significados socialmente construídos na linguagem e nos espaços
dialógicos, sendo construídos nos discursos emergentes e, ao mesmo tempo, responsáveis
por suas transformações;
• A crença no diálogo, definido como um cruzamento de perspectivas, como uma prática
social transformadora para todos os envolvidos, independente de seu lugar como terapeuta
e cliente;
• A ênfase nas práticas de conversação e nos processos de questionamento como recurso
para gerar reflexão e mudança, conforme expande os horizontes de terapeutas e clientes;
• A adoção de postura hermenêutica em que a compreensão é co-construída
intersubjetivamente pelos participantes da conversação;
• A ênfase muito mais no processo do que no conteúdo das histórias, compreendendo as
narrativas como locais e, portanto, idiossincráticas.
Refletindo sobre o panorama atual da Terapia Familiar podemos considerar que sua
consistência decorre de uma epistemologia unificadora pós-moderna apoiada numa hermenêutica
contemporânea construída na intersubjetividade, envolvendo a pessoa do terapeuta como co-
construtor das realidades com as quais trabalha. A prática dessas terapias ditas pós-modernas
envolve um trânsito do terapeuta entre teoria e prática de modo epistemologicamente coerente, de
acordo com os meios que se lhe apresentem mais úteis e despertem seu entusiasmo e criatividade
enquanto interlocutor qualificado.
Enquanto uma prática social transformadora esta terapia se organiza a partir dos contextos
locais e das histórias culturais de distintas comunidades lingüísticas. O respeito pela diversidade e
multiplicidade de contextos com seus saberes locais implica numa terapia construída a partir da
aceitação da responsabilidade relacional do terapeuta, legitimando os direitos humanos de bem
estar e de exercício da livre escolha.
Os imensos desafios que se apresentam para o terapeuta, vindos do campo da saúde
mental, das instituições voltadas para o cuidado e tratamento da pessoa, dentro de uma
perspectiva pós-moderna, convidam para a humildade na construção do conhecimento e
conduzem, cada vez mais para uma ação transdisciplinar numa instância de trocas colaborativas
entre os distintos domínios de saber e no uso de técnicas como recursos a serviço do bem estar. O
caráter auto-referencial e de reflexividade presente nas terapias pós-modernas, desafiam o
terapeuta a tornar explícitos os seus pré-juízos, os seus valores, suas opções ideológicas, nos
limites da sua subjetividade, estabelecendo parâmetros para a clínica que pratica harmonizando
de forma estética teoria e prática a serviço do bem estar das famílias que atende.

O que é e para que serve a Terapia Natural ou Holística que hoje é conhecida e chamada oficialmente como Terapia Complementar? A visão da Terapia Complementar tem como fundamento a relação de harmonia que se faz entre o homem e o Universo. Na visão holística somos um todo em três - mente, corpo e espírito e quando em ordem e equilíbrio somos saúde holística e perfeição natural.
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